Por Cezar Bueno
A arrasadora vitória de Beto Richa em Curitiba e as disputas eleitorais do segundo turno, que envolvem candidatos tucanos em Londrina e Ponta Grossa, irá antecipar o destino da corrida eleitoral para sucessão do governador Requião. A grande votação do PSDB em cidades pólos, a permanência da força política do PMDB nos pequenos municípios e a manutenção, ou pequena redução, das prefeituras conquistas pelo PT e PDT no Estado, configura o novo quadro das forças políticas que irão viabilizar a escolha do futuro governador em 2010.
O recado das urnas aponta para a construção de duas situações políticas, com opções ideológica distintas. A primeira, poderá opor as pretensões políticas de Beto Richa e Osmar Dias e, com isso, antecipar a polarização do tabuleiro político pela conquista do Palácio Iguaçu. A ascensão de Beto Richa revigora e fortalece a força política do Lernismo, do PSDB e de uma nova direita, cujo núcleo político e modelo de gestão administrativa se instalou em Curitiba, há mais de 20 anos. O campo político, no qual Osmar Dias encontra-se situado, poderá levá-lo a simbolizar uma complexa conjugação de forças políticas que abarca os interesses da agroindústria e, se obtiver apoio do Planalto, de forças políticas de centro-esquerda, que estão ao lado do governo Lula.
A segunda opção, na disputa para emplacar o futuro governador do Estado, tende a restringir o campo de aliança política e excluir, ou neutralizar, os interesses do agronegócio e apresentar, como protagonistas principais, candidaturas retiradas do PT e de setores do PMDB. Do lado da esquerda, essa opção política poderia, dependendo da correlação interna de forças e da capacidade de articulação política dos atores em jogo, viabilizar nomes como o do atual prefeito Nedson Micheleti, Gleisi Hoffmann e André Vargas.
Os esforços da articulação política, nos próximos dois anos, serão canalizados dentro de uma perspectiva que aponta a ascensão das forças políticas de centro-direita e a capacidade de rearticulação dos partidos de centro-esquerda, por hora, derrotados nas urnas.
É preciso lembrar que os prefeitos e as coligações partidárias, derrotados no último pleito eleitoral, irão deixar os seus mandatos com elevado grau de prosperidade econômica e desenvolvimento social. Sairão, portanto, imunes ao processo de crise econômica e financeira que se aproxima e que ameaça interromper o atual estágio de desenvolvimento econômico e social da nação. Assim, os prefeitos que tiveram suas apostas políticas reprovadas nas urnas, poderão pleitear novos cargos eletivos e retornarem aclamados pela força generosa e legitimadora do voto popular.
A evolução da crise do capitalismo financeiro, a redução do crescimento econômico, da oferta de emprego e da expansão da renda, terão reflexos diretos na vida do povo. Esse quadro, tende a afetar a capacidade de arrecadação fiscal dos municípios e a mudar a preferência política do eleitor. Tal situação, representaria o primeiro duro golpe na pretensão dos prefeitos recém-eleitos, contrários aos governos Lula e Requião, de atuarem como bons cabos eleitorais para eleger os futuros candidatos a governadores da oposição.
Jornal de Londrina, artigo publicado em 29/10/2008 – p. 2, Seção Ponto de vista.
Cezar Bueno foi candidato a vice-prefeito de Londrina nas últimas eleições.
quarta-feira, 30 de junho de 2010
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Julgamento moral e cívico
Por Wilmar Marçal
A frieza das letras manifestadas por alguns defensores na instância jurídica, data vênia, muitas vezes frustra a população que aguarda um judiciário firme e comprometido com o bem público. Mas é preciso obedecer e acatar, pois, segundo se sabe, é uma análise realizada com a arte e a ciência da razão e não da emoção. Esse viés argumentativo tem tirado muito ladrão da cadeia, absolvido muitos traficantes e amparado pedófilos que são liberados e continuam machucando crianças e famílias. Essas possibilidades de contar com defensores deve e precisa continuar, pois a todos é permitido a ampla defesa e o contraditório. Lamentavelmente não se pode julgar com a emoção, razão pela qual, talvez, ainda existam muitos problemas sociais no país, pois os atos malditos coadunam com a perpetuação da impunidade. Em outros países, quem comete um erro, morre duas vezes: primeiro de humilhação, depois retirando a própria vida pela falta de dignidade em continuar convivendo com pessoas de bem. Mas no nosso querido Brasil... muitos fazem e acreditam que “não vai dar em nada”. Todavia, como diz a própria Constituição Brasileira, “todo poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido”, está na hora de uma reação popular para o exercício prático do bem: sem armas, sem violência e sem lágrimas. Com a mesma frieza que o judiciário é peculiar em suas análises, a população, bem organizada, tem muito mais poder do que qualquer Juiz, data vênia. Basta querer e se organizar. Sem vaidades, sem trampolins, mas com ordenamento e inteligência. Especificamente sobre os parlamentares “escolhidos” pelo povo, é possível sim avançar e execrar esses bandidos que sempre são reeleitos e se dizem representantes do povo nas respectivas Assembléias. O povo pode legislar com muito mais sapiência, no momento em que mantiver viva a memória de todos, nutrindo a lembrança com a boa informação em jornais e mídia comprometidos, verdadeiramente, com a causa coletiva. Chega dessa conversa fiada de “segredo de justiça” e “blindagem privativa”. Bandido é bandido. É preciso destacar, em grande escala, os nomes daqueles que usurpam o dinheiro público, roubam a esperança de muitos e perpetuam a falsa bondade de atender os munícipes, prometendo mirabolantes projetos e recursos. Quem viaja pelo interior do Paraná pode constatar que as cidades estão empobrecidas, com poucos investimentos em infra-estrutura, muita gente desocupada e doente. Cabe-nos como cidadãos e cidadãs uma reação natural e pacífica. Analise, pense, estude a vida dos candidatos a qualquer cargo público e vote. Vote de acordo com sua inteligência e coerência. Não se pode mais admitir que a população ainda se renda aos hipócritas, mentirosos e mentirosas. Só assim será possível um julgamento moral e cívico que, certamente, não encontrará habeas corpus em qualquer jurisprudência para liberar os pérfidos e os enganadores. Façamos cada um de nós a nossa parte. Vamos ensinar a pescar e parar de assistir algumas pessoas recebendo o peixe de graça.
Wilmar Marçal é professor universitário, ex-reitor da UEL e pré-candidato a deputado estadual pelo PSC.
A frieza das letras manifestadas por alguns defensores na instância jurídica, data vênia, muitas vezes frustra a população que aguarda um judiciário firme e comprometido com o bem público. Mas é preciso obedecer e acatar, pois, segundo se sabe, é uma análise realizada com a arte e a ciência da razão e não da emoção. Esse viés argumentativo tem tirado muito ladrão da cadeia, absolvido muitos traficantes e amparado pedófilos que são liberados e continuam machucando crianças e famílias. Essas possibilidades de contar com defensores deve e precisa continuar, pois a todos é permitido a ampla defesa e o contraditório. Lamentavelmente não se pode julgar com a emoção, razão pela qual, talvez, ainda existam muitos problemas sociais no país, pois os atos malditos coadunam com a perpetuação da impunidade. Em outros países, quem comete um erro, morre duas vezes: primeiro de humilhação, depois retirando a própria vida pela falta de dignidade em continuar convivendo com pessoas de bem. Mas no nosso querido Brasil... muitos fazem e acreditam que “não vai dar em nada”. Todavia, como diz a própria Constituição Brasileira, “todo poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido”, está na hora de uma reação popular para o exercício prático do bem: sem armas, sem violência e sem lágrimas. Com a mesma frieza que o judiciário é peculiar em suas análises, a população, bem organizada, tem muito mais poder do que qualquer Juiz, data vênia. Basta querer e se organizar. Sem vaidades, sem trampolins, mas com ordenamento e inteligência. Especificamente sobre os parlamentares “escolhidos” pelo povo, é possível sim avançar e execrar esses bandidos que sempre são reeleitos e se dizem representantes do povo nas respectivas Assembléias. O povo pode legislar com muito mais sapiência, no momento em que mantiver viva a memória de todos, nutrindo a lembrança com a boa informação em jornais e mídia comprometidos, verdadeiramente, com a causa coletiva. Chega dessa conversa fiada de “segredo de justiça” e “blindagem privativa”. Bandido é bandido. É preciso destacar, em grande escala, os nomes daqueles que usurpam o dinheiro público, roubam a esperança de muitos e perpetuam a falsa bondade de atender os munícipes, prometendo mirabolantes projetos e recursos. Quem viaja pelo interior do Paraná pode constatar que as cidades estão empobrecidas, com poucos investimentos em infra-estrutura, muita gente desocupada e doente. Cabe-nos como cidadãos e cidadãs uma reação natural e pacífica. Analise, pense, estude a vida dos candidatos a qualquer cargo público e vote. Vote de acordo com sua inteligência e coerência. Não se pode mais admitir que a população ainda se renda aos hipócritas, mentirosos e mentirosas. Só assim será possível um julgamento moral e cívico que, certamente, não encontrará habeas corpus em qualquer jurisprudência para liberar os pérfidos e os enganadores. Façamos cada um de nós a nossa parte. Vamos ensinar a pescar e parar de assistir algumas pessoas recebendo o peixe de graça.
Wilmar Marçal é professor universitário, ex-reitor da UEL e pré-candidato a deputado estadual pelo PSC.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
CONAE: um salto de qualidade para a política educacional brasileira
Tive a oportunidade de participar recentemente (28 de março a 1º de abril), em Brasília, da Conferência Nacional de Educação – CONAE. A etapa nacional da Conferência contou com a participação de aproximadamente 2.500 delegados e delegadas eleitos nas centenas de conferências municipais e estaduais de educação realizadas pelo país. Estas pessoas representaram, na Conae, vários segmentos da sociedade brasileira. Entre eles o poder público, os gestores e educadores das redes públicas e privadas, pais e mães, estudantes, ministério público, parlamentares, movimentos sociais (negro, mulheres, quilombolas, diversidade sexual, religiões, campo, pessoas com deficiência). Durante quase uma semana, os representantes participaram de um profícuo debate sobr e a política educacional brasileira e prepararam as bases para a construção do Plano Nacional da Educação, que estará em vigor nos próximos 10 anos. A Conae representou um marco para a educação em nosso país. A sociedade tem, agora, um instrumento importante para consolidar uma política nacional de investimento neste setor, ultrapassando, assim, o fácil e cômodo discurso da educação como redentora dos problemas do país.
O discurso da importância da educação para o desenvolvimento do país já virou senso comum. Políticos, governantes e a sociedade em geral o repetem como um mantra: “A educação precisa ser prioridade”. No entanto, há ainda uma distancia significativa entre o discurso e a realidade. Atualmente, temos no Brasil aproximadamente 14 milhões de analfabetos. Cerca de dois terços da população não possui o ensino fundamental completo. E, segundo dados do próprio Ministério da Educação (2007), apenas 12,81% dos brasileiros da faixa etária de 18 a 24 anos cursam o ensino superior. E menos da metade da população de 15 a 17 anos cursam o ensino médio.
A falta de investimentos sólidos na área educacional tem comprometido tanto o acesso à escola, quanto a qualidade da educação ofertada aos brasileiros. Neste sentido, a Conae apontou a possibilidade concreta de materializar em políticas públicas o discurso mântrico da importância da educação. Deste modo, uma das principais definições da Conferência foi o de ampliação gradativa dos recursos a serem aplicados no setor. Hoje, o Brasil aplica 4,7% do PIB na área. O novo plano nacional de educação prevê um aumento de 1% ao ano, em relação ao PIB, como forma de atingir, no mínimo, 7% do PIB até 2011 e, no mínimo, 10 % do PIB até 2014. Para alcançar esta meta, uma das fontes de recursos prevista será o fundo social do pré-sal.
Outro destaque da Conferência foi o de definir as bases para a construção de um Sistema Nacional Articulado de Educação. Este possibilitará que as políticas da área da educação deixem de ser políticas dos governos estaduais, municipais ou da união, para se consolidarem como uma política estratégica do Estado brasileiro. Através de um Plano Nacional e um Sistema Nacional Articulado de Educação, o país estabelecerá metas, diretrizes e responsabilidades para os executores do Plano. Caberá a sociedade a tarefa de acompanhar e fiscalizar a sua aplicação, através dos mecanismos de participação social, como os Conselhos Estaduais e Municipais de Educação.
Milhares de propostas, vindas de todo o país, foram debatidas na Conae. O resultado poderá trazer novos tempos para a educação brasileira. Além do investimento e da constituição do sistema nacional, a Conferência aprovou outras importantes medidas. No campo da valorização dos profissionais da educação, como destaque a implantação do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN) e de planos de carreira para professores e funcionários, a redução do número de alunos por turma, a melhoria das condições das escolas, um forte investimento público na formação inicial e continuada dos educadores, e a instituição de medidas para enfrentar o quadro de adoecimento dos educadores no país.
Em relação à gestão, aprovou-se o fortalecimento dos conselhos de educação, a constituição de um Fórum Nacional de Educação (antiga reivindicação de vários segmentos envolvidos na defesa da educação pública), a obrigatoriedade da realização de eleições diretas para diretores de escolas e, ainda, a regulamentação do ensino privado no país.
Outro marco da Conferência foi à aprovação da reserva de vagas para estudantes no ensino superior. Serão destinadas 50% das vagas de acesso às instituições de ensino superior públicas à estudantes oriundos das escolas públicas, respeitando, em cada Estado, a proporção de negros e indígenas. Um importante avanço para a democratização do ensino superior.
No último dia do evento, recebemos a visita do presidente Lula e do ministro de Educação Fernando Haddad. Lula, em um discurso emocionado, destacou as realizações efetuadas na área da educação e a importância de consolidar uma política de Estado para a educação. “Foi neste governo, em que o presidente e o seu vice não possuíam o diploma de ensino superior, que mais se criou novas universidades públicas no país”, destacou.
Saí da Conae com a convicção que, de fato, a sociedade brasileira pode estar construindo um novo país. Agora, cabe a nós acompanhar todo o processo de implantação das políticas definidas na Conferência. O resultado deve seguir, em breve, para o Congresso Nacional. Ainda este ano, os parlamentares terão que aprovar o Plano Nacional de Educação de 2011 a 2020. Na seqüência, será a vez de Estados e municípios, a luz do plano nacional, aprovar seus respectivos planos.
Para finalizar, chamo a atenção de um dos episódios da Conae. No meio de um debate acalorado, um estudante surdo-mudo pede espaço para fazer uma intervenção em defesa da manutenção de escolas específicas para surdos. Com a ajuda de uma intérprete da linguagem dos sinais (Libras), este foi ouvido respeitosamente por todos os presentes. Da mesma forma que pôde ouvir os argumentos pela inclusão dos surdos nas escolas regulares, é nesta educação que acredito. Uma educação sólida, que dê as ferramentas e autonomia intelectual para cada cidadão e cidadã conhecer e interpretar o mundo. Uma educação que contribua com a construção de um mundo livre de preconceitos e pautado pelas relações de justiça, igualdade e solidariedade.
Luiz Carlos Paixão da Rocha é professor da Rede Estadual de Educação do Paraná, mestre em Educação pela UFPR e, atualmente, diretor estadual de Imprensa da APP-Sindicato
O discurso da importância da educação para o desenvolvimento do país já virou senso comum. Políticos, governantes e a sociedade em geral o repetem como um mantra: “A educação precisa ser prioridade”. No entanto, há ainda uma distancia significativa entre o discurso e a realidade. Atualmente, temos no Brasil aproximadamente 14 milhões de analfabetos. Cerca de dois terços da população não possui o ensino fundamental completo. E, segundo dados do próprio Ministério da Educação (2007), apenas 12,81% dos brasileiros da faixa etária de 18 a 24 anos cursam o ensino superior. E menos da metade da população de 15 a 17 anos cursam o ensino médio.
A falta de investimentos sólidos na área educacional tem comprometido tanto o acesso à escola, quanto a qualidade da educação ofertada aos brasileiros. Neste sentido, a Conae apontou a possibilidade concreta de materializar em políticas públicas o discurso mântrico da importância da educação. Deste modo, uma das principais definições da Conferência foi o de ampliação gradativa dos recursos a serem aplicados no setor. Hoje, o Brasil aplica 4,7% do PIB na área. O novo plano nacional de educação prevê um aumento de 1% ao ano, em relação ao PIB, como forma de atingir, no mínimo, 7% do PIB até 2011 e, no mínimo, 10 % do PIB até 2014. Para alcançar esta meta, uma das fontes de recursos prevista será o fundo social do pré-sal.
Outro destaque da Conferência foi o de definir as bases para a construção de um Sistema Nacional Articulado de Educação. Este possibilitará que as políticas da área da educação deixem de ser políticas dos governos estaduais, municipais ou da união, para se consolidarem como uma política estratégica do Estado brasileiro. Através de um Plano Nacional e um Sistema Nacional Articulado de Educação, o país estabelecerá metas, diretrizes e responsabilidades para os executores do Plano. Caberá a sociedade a tarefa de acompanhar e fiscalizar a sua aplicação, através dos mecanismos de participação social, como os Conselhos Estaduais e Municipais de Educação.
Milhares de propostas, vindas de todo o país, foram debatidas na Conae. O resultado poderá trazer novos tempos para a educação brasileira. Além do investimento e da constituição do sistema nacional, a Conferência aprovou outras importantes medidas. No campo da valorização dos profissionais da educação, como destaque a implantação do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN) e de planos de carreira para professores e funcionários, a redução do número de alunos por turma, a melhoria das condições das escolas, um forte investimento público na formação inicial e continuada dos educadores, e a instituição de medidas para enfrentar o quadro de adoecimento dos educadores no país.
Em relação à gestão, aprovou-se o fortalecimento dos conselhos de educação, a constituição de um Fórum Nacional de Educação (antiga reivindicação de vários segmentos envolvidos na defesa da educação pública), a obrigatoriedade da realização de eleições diretas para diretores de escolas e, ainda, a regulamentação do ensino privado no país.
Outro marco da Conferência foi à aprovação da reserva de vagas para estudantes no ensino superior. Serão destinadas 50% das vagas de acesso às instituições de ensino superior públicas à estudantes oriundos das escolas públicas, respeitando, em cada Estado, a proporção de negros e indígenas. Um importante avanço para a democratização do ensino superior.
No último dia do evento, recebemos a visita do presidente Lula e do ministro de Educação Fernando Haddad. Lula, em um discurso emocionado, destacou as realizações efetuadas na área da educação e a importância de consolidar uma política de Estado para a educação. “Foi neste governo, em que o presidente e o seu vice não possuíam o diploma de ensino superior, que mais se criou novas universidades públicas no país”, destacou.
Saí da Conae com a convicção que, de fato, a sociedade brasileira pode estar construindo um novo país. Agora, cabe a nós acompanhar todo o processo de implantação das políticas definidas na Conferência. O resultado deve seguir, em breve, para o Congresso Nacional. Ainda este ano, os parlamentares terão que aprovar o Plano Nacional de Educação de 2011 a 2020. Na seqüência, será a vez de Estados e municípios, a luz do plano nacional, aprovar seus respectivos planos.
Para finalizar, chamo a atenção de um dos episódios da Conae. No meio de um debate acalorado, um estudante surdo-mudo pede espaço para fazer uma intervenção em defesa da manutenção de escolas específicas para surdos. Com a ajuda de uma intérprete da linguagem dos sinais (Libras), este foi ouvido respeitosamente por todos os presentes. Da mesma forma que pôde ouvir os argumentos pela inclusão dos surdos nas escolas regulares, é nesta educação que acredito. Uma educação sólida, que dê as ferramentas e autonomia intelectual para cada cidadão e cidadã conhecer e interpretar o mundo. Uma educação que contribua com a construção de um mundo livre de preconceitos e pautado pelas relações de justiça, igualdade e solidariedade.
Luiz Carlos Paixão da Rocha é professor da Rede Estadual de Educação do Paraná, mestre em Educação pela UFPR e, atualmente, diretor estadual de Imprensa da APP-Sindicato
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Carta aberta de Delazari
“Carta de agradecimento”
Encerro um longo trabalho de sete anos à frente da Secretaria da Segurança Pública do Paraná com muito orgulho de ter recebido não só a oportunidade, mas a confiança do governador Roberto Requião.
Quando decidi interromper a minha carreira no Ministério Público Estadual, o fiz pelo sonho de poder trabalhar ativamente na melhora da qualidade da segurança pública dos paranaenses. Não há dúvida do quanto evoluímos não só nas condições de trabalho, mas na maneira de se planejar a segurança com mais profissionalismo.
Ao contrário do que muitos pensam e comentam, em nenhum momento troquei a carreira de promotor por qualquer promessa de cargo político. Acredito que um secretário de Segurança deve, antes de tudo, não ser pretendente a qualquer cargo eletivo. Uma área de tamanha importância não pode de maneira alguma estar sujeita a pressões ou a mercê de favores e interesses pessoais. Trabalhei para a segurança pública com a convicção de me doar profissional e emocionalmente a uma causa pública e isto é fato.
Quero agradecer a todos os funcionários da Secretaria da Segurança, policiais civis e militares e bombeiros, a toda Polícia Científica e técnicos, que acreditam no nosso projeto, agradecer a organizações da sociedade civil, aos meus colegas do Ministério Público, Poder Judiciário e Polícia Federal que sempre nos ajudaram a combater o crime com todas as forças.
Sinto-me honrado por ter participado de um governo com compromissos tão fortes com a questão social, com o desenvolvimento econômico do Paraná e com a transformação da vida dos mais pobres, o governo da Luz Fraterna, da recuperação das estradas, da Tarifa Social, do Leite das Crianças, do Trator Solidário, do maior salário mínimo regional do Brasil, do emprego e da isenção de impostos e da solidariedade. Sinto-me honrado por ter estado à frente de uma Secretaria que não fechou os olhos para a corrupção e que lutou incansavelmente contra a criminalidade.
A história recente permitirá à sociedade reconhecer o divisor de águas na segurança pública do Estado. Nunca se investiu tanto na polícia do Paraná como na gestão de Roberto Requião. Como todos sabem, estar à frente da segurança pública significa travar uma batalha por dia, conviver com adversidades a cada momento e, principalmente, exigir o melhor de tudo e de todos a cada minuto. Sinto-me com o dever cumprido e ainda mais preparado para servir a população paranaense.
Ao meu sucessor, coronel Aramis Serpa, que trabalhou comigo nos últimos cinco anos na coordenação do Projeto POVO – um dos nossos mais importantes projetos – todo o sucesso que merece.
A todos, o meu muito obrigado e até breve.
Luiz Fernando Delazari
Encerro um longo trabalho de sete anos à frente da Secretaria da Segurança Pública do Paraná com muito orgulho de ter recebido não só a oportunidade, mas a confiança do governador Roberto Requião.
Quando decidi interromper a minha carreira no Ministério Público Estadual, o fiz pelo sonho de poder trabalhar ativamente na melhora da qualidade da segurança pública dos paranaenses. Não há dúvida do quanto evoluímos não só nas condições de trabalho, mas na maneira de se planejar a segurança com mais profissionalismo.
Ao contrário do que muitos pensam e comentam, em nenhum momento troquei a carreira de promotor por qualquer promessa de cargo político. Acredito que um secretário de Segurança deve, antes de tudo, não ser pretendente a qualquer cargo eletivo. Uma área de tamanha importância não pode de maneira alguma estar sujeita a pressões ou a mercê de favores e interesses pessoais. Trabalhei para a segurança pública com a convicção de me doar profissional e emocionalmente a uma causa pública e isto é fato.
Quero agradecer a todos os funcionários da Secretaria da Segurança, policiais civis e militares e bombeiros, a toda Polícia Científica e técnicos, que acreditam no nosso projeto, agradecer a organizações da sociedade civil, aos meus colegas do Ministério Público, Poder Judiciário e Polícia Federal que sempre nos ajudaram a combater o crime com todas as forças.
Sinto-me honrado por ter participado de um governo com compromissos tão fortes com a questão social, com o desenvolvimento econômico do Paraná e com a transformação da vida dos mais pobres, o governo da Luz Fraterna, da recuperação das estradas, da Tarifa Social, do Leite das Crianças, do Trator Solidário, do maior salário mínimo regional do Brasil, do emprego e da isenção de impostos e da solidariedade. Sinto-me honrado por ter estado à frente de uma Secretaria que não fechou os olhos para a corrupção e que lutou incansavelmente contra a criminalidade.
A história recente permitirá à sociedade reconhecer o divisor de águas na segurança pública do Estado. Nunca se investiu tanto na polícia do Paraná como na gestão de Roberto Requião. Como todos sabem, estar à frente da segurança pública significa travar uma batalha por dia, conviver com adversidades a cada momento e, principalmente, exigir o melhor de tudo e de todos a cada minuto. Sinto-me com o dever cumprido e ainda mais preparado para servir a população paranaense.
Ao meu sucessor, coronel Aramis Serpa, que trabalhou comigo nos últimos cinco anos na coordenação do Projeto POVO – um dos nossos mais importantes projetos – todo o sucesso que merece.
A todos, o meu muito obrigado e até breve.
Luiz Fernando Delazari
sexta-feira, 12 de março de 2010
PETRO-SAL: A FALÊNCIA DO DISCURSO NEOLIBERAL DAS OPOSIÇÕES NO SENADO
Hoje podemos ver em todas as capas de jornais, blogs e portais na Internet, a oposição pedindo que o governo retire o pedido de urgência urgentíssima do Projeto de Lei do Senado nº 309/09, que trata da criação da Petro-Sal. Senão teremos a famosa e velha obstrução das votações no Plenário do Senado.
Gostaria de elencar aqui alguns argumentos que afirmam ser importantes na discussão deste projeto (isso na visão deles, claro).
1) De que não dá pra discutir a criação de uma estatal para gerir o pré-sal sem discutir primeiro a partilha dos royalties e sem definir um marco regulatório.
2) De que não tem serventia ao país a criação de mais uma estatal (mais cargos, inchando a máquina pública, gerando mais despesas).
3) De que quando o atual marco regulatório foi definido, o projeto ficou durante um ano sendo discutido no Congresso Nacional e que não é “democrático” o governo tomar esta atitude de aprovar projetos de lei “a toque de caixa”.
Creio que estes argumentos podem ser facilmente derrubados, pois são desprovidos de verdade, de valor histórico e apenas mostram o desespero deles em defender o indefensável.
Primeiro quem quebrou o monopólio estatal sobre o petróleo foram eles, quem definiu a atual política de royalties foram eles e que a criação da Petro-sal é necessária, pois assegura que esta imensa riqueza será gerida por brasileiros e para os brasileiros. Não como eles que criaram uma agência reguladora que nunca regulou nenhuma empresa petrolífera, sucatearam a PETROBRÁS (inclusive querendo mudar o nome da empresa, lembram?) e que o Sr. FHC colocou um cunhado para gerir a PETROBRÁS (Ih, o sociólogo além de entreguista é nepotista). Além da informação que em 2002 eles tinham até os compradores para a PETROBRÁS numa privatização iminente.
Segundo, eles fizeram o maior desmanche de uma máquina pública da história de um país. Privatizaram, entregaram a preço de banana o patrimônio construído pelo suor do povo brasileiro e não fizeram os investimentos necessários para que a nossa indústria petrolífera continuasse a ser grande. Lembram do desmanche da nossa indústria naval começado por Collor e continuado por FHC? O Brasil tendo que comprar navios em estaleiros estrangeiros?
Terceiro, o atual marco regulatório foi discutido durante um ano, mas eles não tinham a maioria que hoje o governo Lula possui no Congresso, mas tiveram a maioria mais perversa e privatizante da história. Um Congresso tão submisso que todas as iniciativas de controle eram derrubadas pelo PSDB e seus aliados, inclusive na esfera jurídica.
O governo do presidente Lula sabe que não dá pra deixar as velhas raposas privatistas tomarem conta do galinheiro.
Eles dizem que o governo Lula tem a pecha de estatista, mas afirmam que nunca dantes na história desse país os bancos lucraram tanto, mas quem estimulou o lucro dos bancos?
Temos a real constatação que eles estão perdidos, não conseguem mais fingir que não são neoliberais e que o povo brasileiro não agüenta mais esse discurso de caos que pregam. Quem ataca hoje possui muita culpa no cartório e provou ter a maior dose de incompetência, incoerência e cinismo. Como diria o nosso líder Brizola “Eles estão na contramão da história”.
Os projetos que regem o Pré-sal estão agora aqui no Senado e os companheiros podem ficar despreocupados. No que depender da nossa bancada de Senadores toda e qualquer ameaça neoliberal será rechaçada.
Sucesso a todos e viva o povo brasileiro, senhor do seu destino
MARCELO BARROS é Membro do Diretório Nacional da JSPDT e Assessor Legislativo da Liderança do PDT no Senado Federal.
Gostaria de elencar aqui alguns argumentos que afirmam ser importantes na discussão deste projeto (isso na visão deles, claro).
1) De que não dá pra discutir a criação de uma estatal para gerir o pré-sal sem discutir primeiro a partilha dos royalties e sem definir um marco regulatório.
2) De que não tem serventia ao país a criação de mais uma estatal (mais cargos, inchando a máquina pública, gerando mais despesas).
3) De que quando o atual marco regulatório foi definido, o projeto ficou durante um ano sendo discutido no Congresso Nacional e que não é “democrático” o governo tomar esta atitude de aprovar projetos de lei “a toque de caixa”.
Creio que estes argumentos podem ser facilmente derrubados, pois são desprovidos de verdade, de valor histórico e apenas mostram o desespero deles em defender o indefensável.
Primeiro quem quebrou o monopólio estatal sobre o petróleo foram eles, quem definiu a atual política de royalties foram eles e que a criação da Petro-sal é necessária, pois assegura que esta imensa riqueza será gerida por brasileiros e para os brasileiros. Não como eles que criaram uma agência reguladora que nunca regulou nenhuma empresa petrolífera, sucatearam a PETROBRÁS (inclusive querendo mudar o nome da empresa, lembram?) e que o Sr. FHC colocou um cunhado para gerir a PETROBRÁS (Ih, o sociólogo além de entreguista é nepotista). Além da informação que em 2002 eles tinham até os compradores para a PETROBRÁS numa privatização iminente.
Segundo, eles fizeram o maior desmanche de uma máquina pública da história de um país. Privatizaram, entregaram a preço de banana o patrimônio construído pelo suor do povo brasileiro e não fizeram os investimentos necessários para que a nossa indústria petrolífera continuasse a ser grande. Lembram do desmanche da nossa indústria naval começado por Collor e continuado por FHC? O Brasil tendo que comprar navios em estaleiros estrangeiros?
Terceiro, o atual marco regulatório foi discutido durante um ano, mas eles não tinham a maioria que hoje o governo Lula possui no Congresso, mas tiveram a maioria mais perversa e privatizante da história. Um Congresso tão submisso que todas as iniciativas de controle eram derrubadas pelo PSDB e seus aliados, inclusive na esfera jurídica.
O governo do presidente Lula sabe que não dá pra deixar as velhas raposas privatistas tomarem conta do galinheiro.
Eles dizem que o governo Lula tem a pecha de estatista, mas afirmam que nunca dantes na história desse país os bancos lucraram tanto, mas quem estimulou o lucro dos bancos?
Temos a real constatação que eles estão perdidos, não conseguem mais fingir que não são neoliberais e que o povo brasileiro não agüenta mais esse discurso de caos que pregam. Quem ataca hoje possui muita culpa no cartório e provou ter a maior dose de incompetência, incoerência e cinismo. Como diria o nosso líder Brizola “Eles estão na contramão da história”.
Os projetos que regem o Pré-sal estão agora aqui no Senado e os companheiros podem ficar despreocupados. No que depender da nossa bancada de Senadores toda e qualquer ameaça neoliberal será rechaçada.
Sucesso a todos e viva o povo brasileiro, senhor do seu destino
MARCELO BARROS é Membro do Diretório Nacional da JSPDT e Assessor Legislativo da Liderança do PDT no Senado Federal.
segunda-feira, 1 de março de 2010
TRANSFORMAÇÕES OU FALÁCIAS? O QUE SERÁ DE ALGUMAS IGREJAS APÓS A CATÁSTROFE NO HAITI?
Existem centenas de milhares de igrejas espalhadas por todo o mundo, confissões de fé das mais variadas possíveis. Crenças que variam nas suas formas ritualísticas oferecidas ao sagrado. Usos e costumes observados de diversas maneiras, desde o mais estapafúrdio, esquisito até ao mais ou menos centrado. De fato desembocou-se no século XXI um enorme fervilhar do sagrado-religioso.
Se analisar atentamente há se observar que as igrejas contemporâneas possuem propostas poderosíssimas para suprir as necessidades do ser humano, talvez seja devido a sua “intimidade” com Deus. Isso mesmo, no cenário religioso se encontra milhares e milhões de pessoas que dedicam suas vidas a Deus e/ou a igreja, e nessa caminhada de dedicação se abdicam de coisas ou comportamentos e/ou praticam determinadas ações, sempre na intencionalidade de estreitar esse relacionamento e agradá-Lo. Nessa dinâmica relacional entre o ser humano e Deus, ao que me parece surgi uma intimidade que estimula os fiéis a ter comportamentos de fé e corajosos diante de situações hostis. É como que se Deus endossasse os clamores por curas, resoluções de problemas, mediações de conflitos entre outras petições.
De maneira que, não é insólito constatar in loco que determinadas propostas religiosas perpassam entre as curas das doenças mais letais, passando pelas restituições emocionais, financiando pela “fé” doações de carros, apartamentos, fazendas ou quaisquer bens materiais e desemboca até mesmo na ressurreição dos mortos. Essas proposições são existentes (ainda que apenas em discursos) desde os grandes, suntuosos e lindos templos religiosos até as construções religiosas mais humildes. De modo que a maiorias das igrejas traz na sua hermenêutica o entendimento que Deus é o poderoso e não há nada impossível a Ele, nessa proposta de manifestação do sagrado todo esse poderio transformador é concedido por Deus do qual essas igrejas são “intimas” dEle.
É importante acalmar os ânimos e registrar que de fato Deus se manifesta com poder curativo e sarador, Ele realiza ações que aos olhos humanos são impossíveis, que Deus tem esse poder (para aqueles que crêem) é passível de crença e crédito. Agora outra coisa é o discurso vazio de muitas instituições religiosas, que porta uma mensagem, mas, contudo não deixa que essa mensagem encarne na prática da vida. Suas rotinas religiosas e litúrgicas são vazias, não tem relevância para a quem de fato precisa, são conhecidas como igreja clube-social, se reúnem semanalmente, até chegam entrar em processos alucinógenos com o sagrado, cantam, choram, expressa corporalmente seus atos ritualísticos, entretanto são irrelevantes para a sociedade, os beneficiados são apenas os associados ou a membresia que freqüenta assiduamente determinados ambientes religiosos. A esses Jesus diria: “os sãos não precisam de médicos e sim os doentes”. E talvez acrescentasse: “deixem as noventa e nove ovelhas segura no aprisco e vá atrás daquela ovelha desgarrada, pois certamente esteja ferida e abandonada e precisará de cuidados”.
A pergunta que me faço é a seguinte: Onde estão as igrejas que acreditam ter uma procuração autenticada por Deus? Por que líderes, apóstolos, bispos e gurus espirituais não deliberam palavras de poder para ajudar no sofrimento das vitimas do Haiti? Onde estão os pregadores da prosperidade para entregar a chave da casa nova? Do carro novo? Ajudar na reconstrução do país? E a teologia da determinação? Onde esta a Teologia da Prosperidade? A Teologia da Libertação com todo seu instrumental humanitário? A Teologia da Missão Integral que prega uma missão engajada e militante? Cadê as mobilizações das igrejas? Dos líderes religiosos? Dos membros?
Sei que faço parte desse processo dialético religioso, e também me sinto culpado e envergonhado diante da impotência de não poder fazer muita coisa em função desse povo sofrido. Sou profundo admirador das propostas da Teologia da Libertação e da Teologia da Missão Integral, assim como muitas outras propostas de fé e espiritualidade, e acredito sim, que tenha muita gente fazendo o dever de casa, mas também tenho a percepção que há a necessidade de descer da nossa torre de marfim e sofrer com os que sofrem. Talvez fosse à hora de muitos executivos da fé, descer dos modernos e luxuosos púlpitos, desligar o ar-condicionado dos seus lindos gabinetes e ter ações efetivas em prol das crianças, adolescente, jovens, adultos e idosos haitianos.
O que não podemos fazer agora é transferir os reflexos desse acontecimento apenas para o campo espiritual, em hipótese alguma discursar que aquele povo foi vitima dos castigos dos deuses. Evitar a qualquer custo responsabilizá-los devido as suas crenças ou a seus costumes. Devemos evitar especulações dos fatos ocorridos e focar nas ajudas humanitárias, nas doações. A catástrofe do Haiti tanto quanta outras abrem na alma humana, feridas que vão além das dores físicas, posso garantir que, o que eles menos precisam agora é; moralismo, julgamentos precipitados, desestímulos, olhares e comentários xenofóbicos, ou seja, jogar o ácido das nossas supostas “verdades”, mas sim o bálsamo terapêutico do amor, da fraternidade, da misericórdia e do altruísmo.
A igreja que permanecerá com seu discurso intacto e legitimo é justamente a igreja que já esta já, encarnada na vida desse povo, tanto quanto outras que estão se mobilizando em todo o mundo. A igreja invisível, imperceptível composta por gente que é gente, que ama gente, que sofre com gente e como gente, talvez não seja instituída, não possua CNPJ, e nem tenha endereço geográfico fixo, mas é formada de milhares de pessoas que são sensíveis ao Espírito da Vida, não são pastores institucionais, mas exerce o pastorado cuidado de vidas, não são diáconos eclesiásticos, mas doam suas vidas na diakonia em prol do outro. Esta igreja é formada de pessoas de todas as tribos, línguas e nações, dos dialetos mais diversos, culturas variadas. Esta igreja instituída por Cristo, não tem como presunção ser numericamente grande, visível, poderosa econômica e politicamente, não é marketeira, mas ambiciona a dignidade humana, tem sede de justiça e reivindicam que os direitos do ser humano devem ser cumpridos para que todos vivam em paz.
Anderson Souza
Bacharel Teologia;
Graduando de Psicologia e
Pós-graduando Metodologia da Ação Docente.
Se analisar atentamente há se observar que as igrejas contemporâneas possuem propostas poderosíssimas para suprir as necessidades do ser humano, talvez seja devido a sua “intimidade” com Deus. Isso mesmo, no cenário religioso se encontra milhares e milhões de pessoas que dedicam suas vidas a Deus e/ou a igreja, e nessa caminhada de dedicação se abdicam de coisas ou comportamentos e/ou praticam determinadas ações, sempre na intencionalidade de estreitar esse relacionamento e agradá-Lo. Nessa dinâmica relacional entre o ser humano e Deus, ao que me parece surgi uma intimidade que estimula os fiéis a ter comportamentos de fé e corajosos diante de situações hostis. É como que se Deus endossasse os clamores por curas, resoluções de problemas, mediações de conflitos entre outras petições.
De maneira que, não é insólito constatar in loco que determinadas propostas religiosas perpassam entre as curas das doenças mais letais, passando pelas restituições emocionais, financiando pela “fé” doações de carros, apartamentos, fazendas ou quaisquer bens materiais e desemboca até mesmo na ressurreição dos mortos. Essas proposições são existentes (ainda que apenas em discursos) desde os grandes, suntuosos e lindos templos religiosos até as construções religiosas mais humildes. De modo que a maiorias das igrejas traz na sua hermenêutica o entendimento que Deus é o poderoso e não há nada impossível a Ele, nessa proposta de manifestação do sagrado todo esse poderio transformador é concedido por Deus do qual essas igrejas são “intimas” dEle.
É importante acalmar os ânimos e registrar que de fato Deus se manifesta com poder curativo e sarador, Ele realiza ações que aos olhos humanos são impossíveis, que Deus tem esse poder (para aqueles que crêem) é passível de crença e crédito. Agora outra coisa é o discurso vazio de muitas instituições religiosas, que porta uma mensagem, mas, contudo não deixa que essa mensagem encarne na prática da vida. Suas rotinas religiosas e litúrgicas são vazias, não tem relevância para a quem de fato precisa, são conhecidas como igreja clube-social, se reúnem semanalmente, até chegam entrar em processos alucinógenos com o sagrado, cantam, choram, expressa corporalmente seus atos ritualísticos, entretanto são irrelevantes para a sociedade, os beneficiados são apenas os associados ou a membresia que freqüenta assiduamente determinados ambientes religiosos. A esses Jesus diria: “os sãos não precisam de médicos e sim os doentes”. E talvez acrescentasse: “deixem as noventa e nove ovelhas segura no aprisco e vá atrás daquela ovelha desgarrada, pois certamente esteja ferida e abandonada e precisará de cuidados”.
A pergunta que me faço é a seguinte: Onde estão as igrejas que acreditam ter uma procuração autenticada por Deus? Por que líderes, apóstolos, bispos e gurus espirituais não deliberam palavras de poder para ajudar no sofrimento das vitimas do Haiti? Onde estão os pregadores da prosperidade para entregar a chave da casa nova? Do carro novo? Ajudar na reconstrução do país? E a teologia da determinação? Onde esta a Teologia da Prosperidade? A Teologia da Libertação com todo seu instrumental humanitário? A Teologia da Missão Integral que prega uma missão engajada e militante? Cadê as mobilizações das igrejas? Dos líderes religiosos? Dos membros?
Sei que faço parte desse processo dialético religioso, e também me sinto culpado e envergonhado diante da impotência de não poder fazer muita coisa em função desse povo sofrido. Sou profundo admirador das propostas da Teologia da Libertação e da Teologia da Missão Integral, assim como muitas outras propostas de fé e espiritualidade, e acredito sim, que tenha muita gente fazendo o dever de casa, mas também tenho a percepção que há a necessidade de descer da nossa torre de marfim e sofrer com os que sofrem. Talvez fosse à hora de muitos executivos da fé, descer dos modernos e luxuosos púlpitos, desligar o ar-condicionado dos seus lindos gabinetes e ter ações efetivas em prol das crianças, adolescente, jovens, adultos e idosos haitianos.
O que não podemos fazer agora é transferir os reflexos desse acontecimento apenas para o campo espiritual, em hipótese alguma discursar que aquele povo foi vitima dos castigos dos deuses. Evitar a qualquer custo responsabilizá-los devido as suas crenças ou a seus costumes. Devemos evitar especulações dos fatos ocorridos e focar nas ajudas humanitárias, nas doações. A catástrofe do Haiti tanto quanta outras abrem na alma humana, feridas que vão além das dores físicas, posso garantir que, o que eles menos precisam agora é; moralismo, julgamentos precipitados, desestímulos, olhares e comentários xenofóbicos, ou seja, jogar o ácido das nossas supostas “verdades”, mas sim o bálsamo terapêutico do amor, da fraternidade, da misericórdia e do altruísmo.
A igreja que permanecerá com seu discurso intacto e legitimo é justamente a igreja que já esta já, encarnada na vida desse povo, tanto quanto outras que estão se mobilizando em todo o mundo. A igreja invisível, imperceptível composta por gente que é gente, que ama gente, que sofre com gente e como gente, talvez não seja instituída, não possua CNPJ, e nem tenha endereço geográfico fixo, mas é formada de milhares de pessoas que são sensíveis ao Espírito da Vida, não são pastores institucionais, mas exerce o pastorado cuidado de vidas, não são diáconos eclesiásticos, mas doam suas vidas na diakonia em prol do outro. Esta igreja é formada de pessoas de todas as tribos, línguas e nações, dos dialetos mais diversos, culturas variadas. Esta igreja instituída por Cristo, não tem como presunção ser numericamente grande, visível, poderosa econômica e politicamente, não é marketeira, mas ambiciona a dignidade humana, tem sede de justiça e reivindicam que os direitos do ser humano devem ser cumpridos para que todos vivam em paz.
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Bacharel Teologia;
Graduando de Psicologia e
Pós-graduando Metodologia da Ação Docente.
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