Por Cezar Bueno
A arrasadora vitória de Beto Richa em Curitiba e as disputas eleitorais do segundo turno, que envolvem candidatos tucanos em Londrina e Ponta Grossa, irá antecipar o destino da corrida eleitoral para sucessão do governador Requião. A grande votação do PSDB em cidades pólos, a permanência da força política do PMDB nos pequenos municípios e a manutenção, ou pequena redução, das prefeituras conquistas pelo PT e PDT no Estado, configura o novo quadro das forças políticas que irão viabilizar a escolha do futuro governador em 2010.
O recado das urnas aponta para a construção de duas situações políticas, com opções ideológica distintas. A primeira, poderá opor as pretensões políticas de Beto Richa e Osmar Dias e, com isso, antecipar a polarização do tabuleiro político pela conquista do Palácio Iguaçu. A ascensão de Beto Richa revigora e fortalece a força política do Lernismo, do PSDB e de uma nova direita, cujo núcleo político e modelo de gestão administrativa se instalou em Curitiba, há mais de 20 anos. O campo político, no qual Osmar Dias encontra-se situado, poderá levá-lo a simbolizar uma complexa conjugação de forças políticas que abarca os interesses da agroindústria e, se obtiver apoio do Planalto, de forças políticas de centro-esquerda, que estão ao lado do governo Lula.
A segunda opção, na disputa para emplacar o futuro governador do Estado, tende a restringir o campo de aliança política e excluir, ou neutralizar, os interesses do agronegócio e apresentar, como protagonistas principais, candidaturas retiradas do PT e de setores do PMDB. Do lado da esquerda, essa opção política poderia, dependendo da correlação interna de forças e da capacidade de articulação política dos atores em jogo, viabilizar nomes como o do atual prefeito Nedson Micheleti, Gleisi Hoffmann e André Vargas.
Os esforços da articulação política, nos próximos dois anos, serão canalizados dentro de uma perspectiva que aponta a ascensão das forças políticas de centro-direita e a capacidade de rearticulação dos partidos de centro-esquerda, por hora, derrotados nas urnas.
É preciso lembrar que os prefeitos e as coligações partidárias, derrotados no último pleito eleitoral, irão deixar os seus mandatos com elevado grau de prosperidade econômica e desenvolvimento social. Sairão, portanto, imunes ao processo de crise econômica e financeira que se aproxima e que ameaça interromper o atual estágio de desenvolvimento econômico e social da nação. Assim, os prefeitos que tiveram suas apostas políticas reprovadas nas urnas, poderão pleitear novos cargos eletivos e retornarem aclamados pela força generosa e legitimadora do voto popular.
A evolução da crise do capitalismo financeiro, a redução do crescimento econômico, da oferta de emprego e da expansão da renda, terão reflexos diretos na vida do povo. Esse quadro, tende a afetar a capacidade de arrecadação fiscal dos municípios e a mudar a preferência política do eleitor. Tal situação, representaria o primeiro duro golpe na pretensão dos prefeitos recém-eleitos, contrários aos governos Lula e Requião, de atuarem como bons cabos eleitorais para eleger os futuros candidatos a governadores da oposição.
Jornal de Londrina, artigo publicado em 29/10/2008 – p. 2, Seção Ponto de vista.
Cezar Bueno foi candidato a vice-prefeito de Londrina nas últimas eleições.