Tive a oportunidade de participar recentemente (28 de março a 1º de abril), em Brasília, da Conferência Nacional de Educação – CONAE. A etapa nacional da Conferência contou com a participação de aproximadamente 2.500 delegados e delegadas eleitos nas centenas de conferências municipais e estaduais de educação realizadas pelo país. Estas pessoas representaram, na Conae, vários segmentos da sociedade brasileira. Entre eles o poder público, os gestores e educadores das redes públicas e privadas, pais e mães, estudantes, ministério público, parlamentares, movimentos sociais (negro, mulheres, quilombolas, diversidade sexual, religiões, campo, pessoas com deficiência). Durante quase uma semana, os representantes participaram de um profícuo debate sobr e a política educacional brasileira e prepararam as bases para a construção do Plano Nacional da Educação, que estará em vigor nos próximos 10 anos. A Conae representou um marco para a educação em nosso país. A sociedade tem, agora, um instrumento importante para consolidar uma política nacional de investimento neste setor, ultrapassando, assim, o fácil e cômodo discurso da educação como redentora dos problemas do país.
O discurso da importância da educação para o desenvolvimento do país já virou senso comum. Políticos, governantes e a sociedade em geral o repetem como um mantra: “A educação precisa ser prioridade”. No entanto, há ainda uma distancia significativa entre o discurso e a realidade. Atualmente, temos no Brasil aproximadamente 14 milhões de analfabetos. Cerca de dois terços da população não possui o ensino fundamental completo. E, segundo dados do próprio Ministério da Educação (2007), apenas 12,81% dos brasileiros da faixa etária de 18 a 24 anos cursam o ensino superior. E menos da metade da população de 15 a 17 anos cursam o ensino médio.
A falta de investimentos sólidos na área educacional tem comprometido tanto o acesso à escola, quanto a qualidade da educação ofertada aos brasileiros. Neste sentido, a Conae apontou a possibilidade concreta de materializar em políticas públicas o discurso mântrico da importância da educação. Deste modo, uma das principais definições da Conferência foi o de ampliação gradativa dos recursos a serem aplicados no setor. Hoje, o Brasil aplica 4,7% do PIB na área. O novo plano nacional de educação prevê um aumento de 1% ao ano, em relação ao PIB, como forma de atingir, no mínimo, 7% do PIB até 2011 e, no mínimo, 10 % do PIB até 2014. Para alcançar esta meta, uma das fontes de recursos prevista será o fundo social do pré-sal.
Outro destaque da Conferência foi o de definir as bases para a construção de um Sistema Nacional Articulado de Educação. Este possibilitará que as políticas da área da educação deixem de ser políticas dos governos estaduais, municipais ou da união, para se consolidarem como uma política estratégica do Estado brasileiro. Através de um Plano Nacional e um Sistema Nacional Articulado de Educação, o país estabelecerá metas, diretrizes e responsabilidades para os executores do Plano. Caberá a sociedade a tarefa de acompanhar e fiscalizar a sua aplicação, através dos mecanismos de participação social, como os Conselhos Estaduais e Municipais de Educação.
Milhares de propostas, vindas de todo o país, foram debatidas na Conae. O resultado poderá trazer novos tempos para a educação brasileira. Além do investimento e da constituição do sistema nacional, a Conferência aprovou outras importantes medidas. No campo da valorização dos profissionais da educação, como destaque a implantação do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN) e de planos de carreira para professores e funcionários, a redução do número de alunos por turma, a melhoria das condições das escolas, um forte investimento público na formação inicial e continuada dos educadores, e a instituição de medidas para enfrentar o quadro de adoecimento dos educadores no país.
Em relação à gestão, aprovou-se o fortalecimento dos conselhos de educação, a constituição de um Fórum Nacional de Educação (antiga reivindicação de vários segmentos envolvidos na defesa da educação pública), a obrigatoriedade da realização de eleições diretas para diretores de escolas e, ainda, a regulamentação do ensino privado no país.
Outro marco da Conferência foi à aprovação da reserva de vagas para estudantes no ensino superior. Serão destinadas 50% das vagas de acesso às instituições de ensino superior públicas à estudantes oriundos das escolas públicas, respeitando, em cada Estado, a proporção de negros e indígenas. Um importante avanço para a democratização do ensino superior.
No último dia do evento, recebemos a visita do presidente Lula e do ministro de Educação Fernando Haddad. Lula, em um discurso emocionado, destacou as realizações efetuadas na área da educação e a importância de consolidar uma política de Estado para a educação. “Foi neste governo, em que o presidente e o seu vice não possuíam o diploma de ensino superior, que mais se criou novas universidades públicas no país”, destacou.
Saí da Conae com a convicção que, de fato, a sociedade brasileira pode estar construindo um novo país. Agora, cabe a nós acompanhar todo o processo de implantação das políticas definidas na Conferência. O resultado deve seguir, em breve, para o Congresso Nacional. Ainda este ano, os parlamentares terão que aprovar o Plano Nacional de Educação de 2011 a 2020. Na seqüência, será a vez de Estados e municípios, a luz do plano nacional, aprovar seus respectivos planos.
Para finalizar, chamo a atenção de um dos episódios da Conae. No meio de um debate acalorado, um estudante surdo-mudo pede espaço para fazer uma intervenção em defesa da manutenção de escolas específicas para surdos. Com a ajuda de uma intérprete da linguagem dos sinais (Libras), este foi ouvido respeitosamente por todos os presentes. Da mesma forma que pôde ouvir os argumentos pela inclusão dos surdos nas escolas regulares, é nesta educação que acredito. Uma educação sólida, que dê as ferramentas e autonomia intelectual para cada cidadão e cidadã conhecer e interpretar o mundo. Uma educação que contribua com a construção de um mundo livre de preconceitos e pautado pelas relações de justiça, igualdade e solidariedade.
Luiz Carlos Paixão da Rocha é professor da Rede Estadual de Educação do Paraná, mestre em Educação pela UFPR e, atualmente, diretor estadual de Imprensa da APP-Sindicato
quinta-feira, 15 de abril de 2010
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Carta aberta de Delazari
“Carta de agradecimento”
Encerro um longo trabalho de sete anos à frente da Secretaria da Segurança Pública do Paraná com muito orgulho de ter recebido não só a oportunidade, mas a confiança do governador Roberto Requião.
Quando decidi interromper a minha carreira no Ministério Público Estadual, o fiz pelo sonho de poder trabalhar ativamente na melhora da qualidade da segurança pública dos paranaenses. Não há dúvida do quanto evoluímos não só nas condições de trabalho, mas na maneira de se planejar a segurança com mais profissionalismo.
Ao contrário do que muitos pensam e comentam, em nenhum momento troquei a carreira de promotor por qualquer promessa de cargo político. Acredito que um secretário de Segurança deve, antes de tudo, não ser pretendente a qualquer cargo eletivo. Uma área de tamanha importância não pode de maneira alguma estar sujeita a pressões ou a mercê de favores e interesses pessoais. Trabalhei para a segurança pública com a convicção de me doar profissional e emocionalmente a uma causa pública e isto é fato.
Quero agradecer a todos os funcionários da Secretaria da Segurança, policiais civis e militares e bombeiros, a toda Polícia Científica e técnicos, que acreditam no nosso projeto, agradecer a organizações da sociedade civil, aos meus colegas do Ministério Público, Poder Judiciário e Polícia Federal que sempre nos ajudaram a combater o crime com todas as forças.
Sinto-me honrado por ter participado de um governo com compromissos tão fortes com a questão social, com o desenvolvimento econômico do Paraná e com a transformação da vida dos mais pobres, o governo da Luz Fraterna, da recuperação das estradas, da Tarifa Social, do Leite das Crianças, do Trator Solidário, do maior salário mínimo regional do Brasil, do emprego e da isenção de impostos e da solidariedade. Sinto-me honrado por ter estado à frente de uma Secretaria que não fechou os olhos para a corrupção e que lutou incansavelmente contra a criminalidade.
A história recente permitirá à sociedade reconhecer o divisor de águas na segurança pública do Estado. Nunca se investiu tanto na polícia do Paraná como na gestão de Roberto Requião. Como todos sabem, estar à frente da segurança pública significa travar uma batalha por dia, conviver com adversidades a cada momento e, principalmente, exigir o melhor de tudo e de todos a cada minuto. Sinto-me com o dever cumprido e ainda mais preparado para servir a população paranaense.
Ao meu sucessor, coronel Aramis Serpa, que trabalhou comigo nos últimos cinco anos na coordenação do Projeto POVO – um dos nossos mais importantes projetos – todo o sucesso que merece.
A todos, o meu muito obrigado e até breve.
Luiz Fernando Delazari
Encerro um longo trabalho de sete anos à frente da Secretaria da Segurança Pública do Paraná com muito orgulho de ter recebido não só a oportunidade, mas a confiança do governador Roberto Requião.
Quando decidi interromper a minha carreira no Ministério Público Estadual, o fiz pelo sonho de poder trabalhar ativamente na melhora da qualidade da segurança pública dos paranaenses. Não há dúvida do quanto evoluímos não só nas condições de trabalho, mas na maneira de se planejar a segurança com mais profissionalismo.
Ao contrário do que muitos pensam e comentam, em nenhum momento troquei a carreira de promotor por qualquer promessa de cargo político. Acredito que um secretário de Segurança deve, antes de tudo, não ser pretendente a qualquer cargo eletivo. Uma área de tamanha importância não pode de maneira alguma estar sujeita a pressões ou a mercê de favores e interesses pessoais. Trabalhei para a segurança pública com a convicção de me doar profissional e emocionalmente a uma causa pública e isto é fato.
Quero agradecer a todos os funcionários da Secretaria da Segurança, policiais civis e militares e bombeiros, a toda Polícia Científica e técnicos, que acreditam no nosso projeto, agradecer a organizações da sociedade civil, aos meus colegas do Ministério Público, Poder Judiciário e Polícia Federal que sempre nos ajudaram a combater o crime com todas as forças.
Sinto-me honrado por ter participado de um governo com compromissos tão fortes com a questão social, com o desenvolvimento econômico do Paraná e com a transformação da vida dos mais pobres, o governo da Luz Fraterna, da recuperação das estradas, da Tarifa Social, do Leite das Crianças, do Trator Solidário, do maior salário mínimo regional do Brasil, do emprego e da isenção de impostos e da solidariedade. Sinto-me honrado por ter estado à frente de uma Secretaria que não fechou os olhos para a corrupção e que lutou incansavelmente contra a criminalidade.
A história recente permitirá à sociedade reconhecer o divisor de águas na segurança pública do Estado. Nunca se investiu tanto na polícia do Paraná como na gestão de Roberto Requião. Como todos sabem, estar à frente da segurança pública significa travar uma batalha por dia, conviver com adversidades a cada momento e, principalmente, exigir o melhor de tudo e de todos a cada minuto. Sinto-me com o dever cumprido e ainda mais preparado para servir a população paranaense.
Ao meu sucessor, coronel Aramis Serpa, que trabalhou comigo nos últimos cinco anos na coordenação do Projeto POVO – um dos nossos mais importantes projetos – todo o sucesso que merece.
A todos, o meu muito obrigado e até breve.
Luiz Fernando Delazari